quinta-feira, 25 de junho de 2009

Poemeto Melancólico para Manuel Bandeira

Minha vida é uma ilha,
Meu mundo é um quarto.
Meus olhos são janelas viradas prum muro;
Viradas prum beco.
Meus amores são vãos; são vis.
Minhas tempestades não passam rápido.

Meu mundo é uma ilha,
Minha vida é um quarto.
Meus sonhos se realizam na caneta,
no papel.
Nada aqui é completo de fato.
  -Qualquer hora eu fujo para Pasárgada.-

Minha vida é uma janela;
Meu mundo é abstrato...
Meu peito não tem égides, represas.
Me transbordo e me mato:
  -Amor- chama, e, depois, fumaça...-

Dedicado visceralmente a Laurêncio

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Pensamento

Eu ainda penso em casar.
Em encontrar o "grande amor da minha vida".
Penso em me realizar profissionalmente.
Penso em ter três filhos.
Penso em fazer trabalho voluntário.
Em ser uma grande escritora.
Penso em desistir de tudo.
Penso em começar tudo de novo.
Penso em me organizar.
Penso em ser criança pra sempre.
Penso em ser comediante.
Penso em ter minha casa própria e morar sozinha nela.
Penso em ter um restaurante.
Penso em mudar de nome e fugir pra Argentina.
Penso em cortar meu cabelo.
Penso em não ter mais espelhos.
Penso em ter uma banda.
Penso em morar na roça.
Penso em beber.
Penso em virar freira.
Penso em ter um programa de rádio.
Penso em morar na Alemanha.
Penso em voltar no tempo.
Penso em parar de pensar; "pensamento" é uma palavra feia.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Acróstico para Elizeu Lima

Ergue uma égide em teu peito, pobre amigo,
Lábeis momentos insípidos hão de chegar-te.
Inversos ventos haverão de estar contigo:
Zéfiro em proa, certamente há de levar-te.
Esconde o pranto, vence o medo e o perigo:
Une a verdade com a beleza e hás de encontrar-te.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Passagem

Hás de encontrar um lugar que te caiba,

Que rogue tuas orações, que te dê calma.

Que te deixe repousar, que te mereça.

Hás de encontrar um coração que em ti confie,

Que te engrandeça e não te deixe envelhecer.

 

Minha tez de mármore, meus cabelos de relva,

Meus castanhos olhos dançantes

Cristalinamente fitam o chão:

Tu percebes isto agora?

Sou mais do que aparento ser

e menos do que deveria.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sonhos

Quero ignorar; quero dormir até semana que vem!
Não me acorde! Não me acorde!
Meus sonhos me aprazem mais que mil realidades!
Ou então me acorde e mostre-me o que há
Pra tantas pessoas amarem viver.

Certa vez eu conhecí um rapaz:
Gostávamos um do outro e éramos felizes.
-está acompanhando a explicação?-
Líamos juntos, íamos à praça,
Tomávamos sorvete e apreciávamos a relva.
Gostávamos muito um do outro!
Porém, -olhe como eu tenho razão!-
Me canta o galo ás seis da mannhã
Me põe de pé pra ir à missa e,
Veja a razão de minha tristeza!:
Acordo, instintivamente
Esquecendo-me do garoto 
E indo dispensar meus sonhos
Ao som do -maldito!- sino da igreja.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Breve valsa com teus olhos

Eu vi na flor do teu olhar - meu sonho
Verso cadente e estridente num sorriso.
Eu já quis tanto te abraçar - mas não consigo
Me perco em lágrimas ao ver-te se ausentar.

Eu desenhei nosso futuro - é tão bonito!
Mas me esqueci de escrever nosso presente.
Lhe revelei minhas verdades mais febris
E percebi que tu já não mais me sorrias.

Eu te esperei e esperei - Tu não viestes!
E meu sorriso foi se transformando em dor.
Agora, espero que entendas o que eu disse:
Fora só medo de sentir-te assim - amor.


segunda-feira, 1 de junho de 2009

Cisma

Sê segregado de mim tal sentimento
Que me arrasta os olhos ao chão
Que me enrubece a tez.

Sê segregada de mim tal nostalgia
Que me impede de fazer a cisma
Entre meu ego, agora finito!

Sê segregado de mim tudo que te afasta
Sejam as horas, as lágrimas
Ou a escravidão em que me ponho,
Por livre e espontânea pressão!



(sinto-me cativa de minhas angústias próprias, sendo impelida a não me pôr em versos.)